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Quantos Mais Contactos Mais Vendas?

Foto do escritor: Pedro GomesPedro Gomes

O mundo comercial, durante décadas, repetiu-se a máxima: “quanto mais contactos, mais vendas”. A lógica parecia irrefutável – afinal, aumentar o volume de interações deveria, inevitavelmente, gerar mais oportunidades de negócio. Contudo, a evolução das equipas comerciais e o estudo aprofundado dos seus resultados demonstraram que quantidade sem preparação não só não garante mais vendas, como pode ser um fator de desgaste, tanto para os profissionais como para os clientes.

O que distingue as empresas que prosperam das que lutam constantemente contra a imprevisibilidade dos seus resultados não é o número de contactos que fazem, mas o que fazem com cada contacto. Hoje, os melhores exemplos vêm de equipas que transformaram a sua abordagem comercial através de um modelo de preparação contínua, em que cada vendedor não é apenas um agente de prospeção, mas sim um especialista no seu mercado, no seu produto e, acima de tudo, na relação com os clientes.



 

A Preparação Como Pilar Estrutural

Nas organizações mais avançadas, a preparação do vendedor não é um evento isolado, mas um processo contínuo e transversal a toda a empresa. A formação inicial é apenas o ponto de partida: ao longo do tempo, os profissionais participam em simulações, análises de abordagens, exercícios de comunicação e acompanhamento personalizado por parte da liderança. Este não é um modelo teórico, mas sim um sistema dinâmico, sustentado por três pilares essenciais:

1 - Treino frequente e estruturado

  • A formação não se restringe ao início da função; ocorre regularmente, com revisões, práticas reais e feedback sobre as interações realizadas.

2 - Liderança ativa e interventiva

  • O líder não é um mero observador de números, mas um agente ativo na capacitação da equipa, assumindo o papel de formador, orientador e dinamizador das boas práticas.

3 - Leitura estratégica dos resultados

  • Para além das vendas, analisam-se indicadores que revelam a qualidade da interação. A percentagem de entidades com histórico que voltam a entrar em negociação, a atualização das viaturas em parque e a identificação de potenciais substituições são exemplos de métricas que ajudam a consolidar um crescimento sustentado.

O verdadeiro profissional comercial, inserido neste ambiente, não improvisa – ele age com método. Não liga simplesmente porque há um nome numa lista, mas porque há uma razão para aquele contacto acontecer naquele momento, com aquela abordagem. E este nível de preparação faz toda a diferença.


O Papel Central da Liderança

Um dos aspetos mais críticos neste modelo é o papel da liderança. Muitas empresas já compreenderam que não basta pedir resultados, é preciso construir as condições para que eles aconteçam. O líder comercial que adota uma postura apenas numérica – avaliando quantos contactos foram feitos e quantas vendas resultaram – está a desconsiderar o fator humano e estratégico que define o verdadeiro sucesso.

Nas empresas que prosperam, a liderança assume um papel de acompanhamento, desenvolvimento e dinamização da equipa. As boas práticas são perpetuadas porque há rotinas de leitura de resultados, reuniões de melhoria contínua e um compromisso genuíno com a evolução profissional dos vendedores. Quando um contacto não resulta em negócio imediato, não é descartado como um “não”; é analisado, contextualizado e integrado no planeamento futuro.

Este modelo permite que cada profissional saiba onde está e onde pretende chegar, em vez de simplesmente repetir contactos na esperança de que alguns resultem. A incerteza dá lugar à estratégia, a pressão dá lugar à competência e o improviso dá lugar ao profissionalismo.


O Que Já Pertence (Quase) ao Passado

Por outro lado, ainda subsistem realidades onde a abordagem comercial se resume a um jogo de números. Aqui, os contactos são distribuídos indiscriminadamente, sem preparação prévia, e o único foco é a soma de chamadas realizadas ou emails enviados.

Nestes contextos, quando os números de vendas não correspondem ao esperado, instala-se a tensão. Em vez de se analisar o que foi feito e como foi feito, a resposta é quase sempre a mesma: "fazer mais contactos". O problema não é identificado e corrigido, apenas se adiciona mais volume a um sistema que já está desalinhado.

Felizmente, este modelo começa a desaparecer. As empresas que ainda o seguem percebem, cada vez mais, que não se trata de aumentar a quantidade, mas de elevar a qualidade do que já se faz. O sucesso sustentável não se constrói com contactos ao acaso, mas com estratégia, preparação e uma liderança ativa e capacitada.

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